tante gente fazendo
o mal
e eu
uma pedra
no meio do caminho.
ou mesmo cornimboque do mistifório
eu já não sei mais
se é o céu que
com as nuvens
desce
ou se é a terra que
com os morros
crescefísica
1. non 2. humor 3. sense
grande promoção!
o meu restaurante tinha uma câmera em cima da balança, junto com a etiqueta de preço e peso, tirava uma foto. a gente pesquisava, passava foto por foto vendo quais eram as comidas mais servidas, quais as combinações preferidas. o meu restaurante, de quilo, virou p.f.
Quando cachorro late preso é que gato tem um melhor espreguiçar debaixo do seu sol.
No janeiro, o senhor sabe, ao dia o sertão dá pouco entardecer. Contrasta alto, sem desmesurar. O sertão é termo certo e perto. Vai longe...
Passo preto é boa moça
Asa branca é racho chão
Se casado sai da linha
Retirado é precisão
Mas se a moça não é minha
Isso é caso de prisão
Se na terra brota milho
Volto já lá pro sertão.
A saudade que se diga
O anúncio do trovão
Não nasce em pé-de-estrada
Mora no meu coração.
-sai o inseticida para a entrada de um pano-de-prato...
-estranha substituição, não é?
-olha, o presidente tem que mandar internar o técnico!
-um momento, ouvi daqui as instruções, parece que o inseticida estava se desentendendo com o orçamento...
-ah, está explicado.
-voltemos ao jogo.
você já se surpreendeu com um sapo no seu pé?
então você não conhece o legítimo Banho Caipira®!
caos. 1. decorrência do caráter relativo do conceito de lei.
lei. 1. existência possível somente no plano relativo.
caos. 2. possibilitador oposto ao conceito de lei (no plano relativo). 3. inexistência de lei.
deus. 1. expressão do indizível.
eu sou homem
e gosto de passarinho
o vento não é homem
e não gosta de passarinho
o vento
desumano
carrega seus ninhos
incomoda seus vôos
espanta seus galhos
de apoio
eu sou humano
faço minha parte
me agradam suas asas
replanto suas árvores
e basto.
o vento
inumano
não se basta
arrasta seus ninhos para longe
e foge.
eu
homem
sou amigo
vejo-os partir no horizonte
e fico.
para uns, ACM causa horror ou admiração, mas para outros é somente uma legenda: avaritia, cupiditas, melancholia.
S.S.: i'ma stone of dinossaurs compounds of me, tha stone.
N.L.: sou a lenda, sussurrada pelas fronteiras inexistentes do meu povo lendário.
venho por meio desta apresentar fundamentada queixa contra a geladeira marca brastemp, modelo duplex, produzida em 1991, cor marrom, capacidade 410 litros, instalada nesta residência. certo é que, como se pode denotar de sua razoavelmente distante origem, ao menos no que diz respeito à vida útil dos seus pares contemporâneos, ela me prestou, por assim dizer, os imperecíveis serviços a que se prestam as geladeiras. ocorre que tal refrigerador vem se utilizando, sem qualquer justificativa empiricamente verificável, ou seja, por meio de termômetros e toda sorte de instrumentos ilibados, uma quantidade absolutamente incompatível com o que se serve a realizar. por certo que, se por um lado é justificável, num espectro comparativo com produtos semelhantes cuja moderna fabricação se submete a regulamentações severas no que tange sua eficiência, é dizer, consumo de energia reduzido em contrapartida de uma prestação de serviço impecável, e sua respeitabilidade ao bem-estar ambiental, a que todos os coevos esforços estão voltados. no entanto, ilustríssimo senhor, sabemos não ser a superior idade motivo escusador frente às leis da nossa república, em regra indiferentes, com razão, às peculiaridades do caso in concretu, o que, não raro, poderia suscitar inadequadas compaixões nos falhos corações humanos, honrados servos das nossas doutas autoridades. não, ilustríssimo senhor, a ré – porque é pacífico a criminosa ora denunciada tornar-se ré -, em verdade, aproveita-se ignominiamente da sua condição de indispensabilidade aliada ao respeito ainda dispensado aos anciães nesta residência, para, a qualquer hora do dia e da noite, pôr seu mecanismo em funcionamento, frisa-se, em proveito próprio e não outro senão o próprio, seja por vexatória personalidade jactanciosa, seja por simples balbúrdia da ordem doméstica, absoluta, no dizer popular, falta do que fazer ou inclusive por algum certo vícios, mas nem por isso irrepreensível. não, ilustríssimo, o ordenamento pátrio não deixará de punir um escravo, porque todos somos fiéis escravos da nossa senhora chamada lei, que, por qualquer motivação, imputa-lhe à alva ordem uma negra mancha de ilegalidade. fato é que a ora denunciada vem repetidamente ignorando as admoestações causadas a este humilde proprietário pelas elevadas dispensas mensais afluídas nas justas faturas de consumo elétrico auferidas pela nossa digníssima companhia de energia. não será mister mencionar o dispositivo legal em cujo preciso gume se encerra tal comportamento, tendo em vista o supremo saber com o qual o ilustríssimo senhor é reconhecidamente imbuído, o que se fará por simples amor, ou mais, pela sublime paixão a que me permito, à letra e ao direito, qual seja, o preceito que trata do furto de energia, submetendo-nos ao artigo 155, parágrafo 3.º, do nosso prestimoso Códice Criminal.
PENA
Sustentação dada pelos amigos.
HUMOR
Um saquinho de chá cair no nariz.
INTELIGÊNCIA
Muito sangue no cérebro.
DIFICULDADE
Acertar o buraco.
comer. v.t.d. 1. cozinhar. 2. lavar a louça. 3. cagar.
eu. pron.pes. 1. ser que, dada alguma liberdade, sobe-em-cima. 2. ser que, sofrendo alguma reclamação sobre suas maneiras de subir-em-cima, desce.
vivo sozinho, não tenho com quem falar. tanto melhor: abrir a boca é perigoso, mosquitinhos fazem fila pra invadir.
se há aqui a mesma audiência de uma botelha jogada ao mar e confortavelmente aconchegada na fossa das marianas.
2 tubos de SBP (do tradicional)
1 refil Raid (líquido)
1 caixinha de refil Rodasol (pastilhas)
2 latas de Penetrol
8 metros quadrados de tela
2 lâmpadas amarelas
1 pacote de espiral repelente
1 muda de capim-citronela
1 litro de álcool líquido
Ps: Quando eu me mudar vou soterrar minha casa, proteger o mundo da sua toxidez cobrindo-a com uma camada espessa de concreto.
ontem fui à sua casa e descobri que não era mais sua. estive cozinhando pra você, mas apareceu uma senhora germiniana com dois filhos, um cachorro, uma bolsa de couro, três sacolas de supermercado, além do senhor germano. eles apreciaram a comida como você apreciaria, o que me deixou aliviado: não perdi herbes de provence. confesso que pensei em suicídio, mas sei que você ainda está viva pelo recado que deixou no meu celular hoje de manhã, cobrando aquele dinheiro que você insiste em dizer que lhe devo, não devo, é o que fui lhe dizer, mas descobri que você não mora mais lá. onde afinal você mora? depois fui à casa da sua mãe e confirmei a existência de serendipitismo na nossa vida; ela estava dando para alguém que não era seu pai e nem eu me toquei de interrogá-lo a respeito de sua identidade (tampouco sou eu autoridade para tanto): se as últimas palavras que dediquei a você foram – “filha da puta” – lhe fio que eram parte da minha forma de expressar os sentimentos que nutria por você, mas nunca, ou pouco, imaginei que fossem verdadeiras e que portanto deixariam de atingir você diretamente, para, também diretamente estalar na então rodada testa da senhora sua progenitora. agradeço a ela pelos docinhos que me foram presenteados e por aquela cueca lavada; agradeça-a você também por ela maternalmente tirar esse peso das suas costas: puta, ela. ainda assim não consegui que ela me falasse o local da sua residência corrente; ela estava de boca cheia, entenda-me você que entende do bem do assunto. não tive outra opção senão gastar o pouco dinheiro que tenho – obrigado – para subir no pão-de-açúcar, andar no bondinho e despender intermináveis horas e r$ a investigar toda a superfície terrestre e aquática com aquelas lunetas turísticas por aquela calcinha amarela com os dizeres broxantes – “é um pintinho amarelinho” na frente, e “cabe aqui...” atrás – que você faz questão de pendurar nas janelas de todos lugares que freqüenta, como se fosse um labrador demarcando território – ah, sim, o cão da senhora germiniana era um labrador gold bobo e inútil, como de resto são todos os animais de estimação, necessariamente; doutro modo não seriam referência para que seus donos possam se iludir na sonhada superioridade. aliás, como vai o serpente, o chiuaua mais fedido do universo canino? bem, tampouco encontrei seu sinal amarelo, e tive preguiça, como sempre, de me posicionar no lado oposto ao meu ponto-de-observação, até porque eu não sabia qual poderia ser tal outro ponto. tentei dizer a um helicóptero de turista que sobrevoava todo nós que eu era o sucessor natural do bill gates da microsoft, mas tive o azar dele próprio ser um dos passageiros – ou ao menos foi isso que ele me falou, não sem certo desprezo pela minha condição de potencialidade, e ainda por cima falsa. se fosse você, me tomaria a mão e me soltaria a 45 milhas oceânicas para além do mar territorial brasileiro: mais uma prova de que nos amamos, de que devemos ficar juntos, com ou sem hematomas, até que o primeiro se suicide, deixando um bilhete assim:
- “ DESISTI “ -
nunca é tarde para.... a reconciliação, VAI??
cristina@revistapiaui.com.br
16 de Fevereiro de 2007 11:28
Para: padrelourenco@gmail.com
Lourenço,
Seu texto excede os 3.200 caracteres estabelecidos como limite pelo concurso da piauí. Que tal reescrevê-lo?
Um abraço,
Cristina Tardáguila
___________________________________
nota: adoro ser tratado com todo o respeito e distinção que mereço daqueles que não me fazem idéia. também, quem mandou se embriagar e enviar um texto pruma revista chamada piauí? não, minha linda tardáguila, não reescrevi, claro, óbvio, evidente que não iria reescrever. mesmo que isso acontecesse, um ineditismo em toda minha extensa obra, seria difícil tomar outro porre de iguais homeridades para me dar novamente essas idéias de enviar textos a concursos repleto de limites. cris, que tal reescrevermos juntos o vosso sobrenome nas futuras gerações, que ele me faz lembrar uma tarde que nunca tive com o maguila, e pretendo não ter nunca, nem sob os piores estados ébrios como esse que nos pôs em contato. cris. cris é melhor. me chame de nic, naquela nossa nunca intimidade, combinado?, sem limites e sem rascunhos - é agora e nunca mais. e, por favor, lourenço é broxante! se não fosse, estaria tatuado no meu pau e não no meu email, certo? mas tudo bem, como anda o sovaco do nosso cristo?
pra quê escovar os dentes, dar descarga, lavar por debaixo das unhas? pra quê, afinal? dizem que alguém me criou, o criador, mas não me dizem, nem ele é macho de aparecer e se impor na minha língua – pra quê: vão me enganando e me jogando de um lado para o outro; isto aqui afinal é uma repartição pública ou um cruzeiro transatlântico? aliás, não entendo a gente que escreve poemas por aí e, além de chamar aquele amontoado de esquisitices e inspirações súbitas de poesia – como se fosse competição de quem se faz o menos compreensivo –, só se dá ao trabalho de apertar a tecla do enter; e é assim: a poesia virou prosa-mais-enter. ainda me expresso mal, não é nem prosa, muito menos mais; tampouco é competição: são todos dóceis. enter, vá lá, como sempre digo. digo, como gostam atualmente, ou melhor, escrevo como digo: entendam-me, nem alguém me explicou alguma coisa direito; ao contrário, tentam me desexplicar tudo e mal-feito: dizem, vejam só, até que A é A, como se A fosse sempre A. enfim, sejam A e A o que for, ainda não me responderam, nem tampouco eu consegui me responder a mim mesmo: pra quê? pra quê? pra quê ao infinito: assim, quem sabe, fica tudo explicado, ou dito, ou não-dito, que é melhor; pra quê todas aquelas flores, os presentes arranjados, pra quê tudo isso se na primeira escapulida ela me recebe chorando e empunhando uma vassoura? eu também estou chorando, é o que tento convencê-la, e ela acha que chorar não vai além de lágrimas, vive sob a ditadura da expressão: não se pode ser se não se parece sendo, nem que seja por meio dos cabos transatlânticos, o que é outra vez melhor: parecer-se lá do outro lado é parecer-se mais. desde que nasci venho chorando, em berros piores que aquele pequeno da pizzaria, lembra? mas gemo escondido: piores e cegos são os que choram para todos, os que fazem gritaria, esses são os cachorros que só latem, os lobos que só uivam: não os vejo nem os temo – os humilhados nunca são temidos. eu, não me entrego: não grito. fui à europa e dei meu baile: mijei na salona dos espelhos, que era para eu me ver bem e ver na esguelha o terror no rosto dos branquelos, como se estivessem diante do açoite anacrônico de um escravo: olha lá, meu filho, a beleza do jardinzinho de versalhes! beleza é isto, sente o cheiro, minha dona, amarelinho como a camisa da seleção, disse por cima bilíngüe, para dar lambuja aos metidos a desentendidos: sempre há essas corujas que fingem dormir o dia para contarem o dinheiro no regaço da noite – aníbais-sem-braço. nos estados unidos, pichei alcorão, da direita para a esquerda, naquele livro que a estátua nunca leu: quando baixar os olhos, vai abaixar a tocha – que nunca esteve acesa – e deixar de se intitular o símbolo máximo da liberdade – que não existe, a não ser nas lojas de departamentos e agora pela internet, por variados preços e fretes os mais rápidos. se então o criador se absteve de me dizer: vou espalhar minhas urinas e tintas por onde for preciso para impor minha marca: melhor assim que sujar as digitais de tinta preta, assinar um relatório de mentira, um livro de verdade ou assassinatos em série: todos autômatos; e como não posso mijar aqui, já que no meu mijo não se contaria o número de caracteres, lhes dou uma poesia assim, do jeito que amam, com alguma rima e repleta de enters e esquisitices:
sei
lá
eu
os versos que escrevi não são graves nem esdrúxulos
nem são agudos os meus versos
são versos, são como eu – me enchem o saco também
com todas suas métricas certas e erradas.
(além disso, há muitas outras postagens na fila dos rascunhos, direcionando a mim os mesmos maus olhos que os escritores mal-sucedidos devem enxergar os publishers)
avistei um horizonte frestado
respirei tanques de óleo diesel
sou asfáltico
e o céu sobre pilastras varandadas.
pra dar um corpo ao que escrevi
adjetivaram o meu nome
sou importante e inexistente
eu: como o "i" que termina meu nome.
lutei pra passar dificuldade
ah, minha miséria sonhada
sou meu herói,
moro num barco, masmorro na areia.
vendo minha mãe e meu pai pra pagar o pato
o espelho é curiosidade
sou feia
na passarela não ando de salto
as pessoas elas não sabem
mas elas não querem seu bem
sou sincera e má
permaneço extremamente sozinha
desta vez mijei pensando em não dar descarga
a conta da água andava cara
sou pão duro e distraído
porém sempre acabo apertando a bomba
cansei o escritor deste poema
pode ser o fim desta dose
sou dosada
e só acompanhada deste adjetivo
inventei novos nomes com nomes que já existiam
interjeições fiz substantivos
sou alto astral
as minhas aventuras faço públicas
dormi destilando meus poemas
até acho que não acordei mais
sou, não sou
não ligo para isso de não ser mais
comprei uma mesa de sinuca
não tenho amigos pra jogar
não sou pop
jogar sozinho é chato pra caralho
um mundo surge a cada segundo
depois da folha ou do galho
ou mesmo de um pote de xampu de guaraná
num segundo surge um mundo
no mundo das formigas
até que uma enorme criatura
eu
atravessa um fio de xampu
toda extensão está tomada
o caminho acaba precoce
os feromônios desaparecem sob o odor do guaraná
depois do alvoroço
a aflição
a dor da separação e
por fim
a conformação
formam-se dois países
dois territórios
com seus próprios feromônios
dois formigueiros se preparam para a guerra
já é noite e meu gato está sentado ao pé da porta, do lado de fora, como sempre. lá, há um indício de lua cheia – que não é poesia, mas realidade. escondido, emito ruídos estranhos pelo vão da porta lateral, ruídos não humanos, creio. ele tem medo? fica impassível. saio de fininho para a cozinha fosforescentemente iluminada.
chego em casa e meu gato está esparramado próximo da porta, que abro facilmente. o que ele pensa?
- ai, queria eu poder abrir uma porta com tanta facilidade!
ou mesmo:
- ai, que preguiça de tanto esforço.
ou será que ele não pensa nada e quem pensa sou só eu?
- ah que isso ô... ô!
- no outro foi vinte peça, ô, em cada buraco.
- ê meu deus do céu!
- ó o pé fi, ó o pé, ó o pé.
- ó!
- vai estourar isso tudo aí.
- vai, vai.
- hahaha.
- pode ir?
- não!
- pára.
- pára, pára.
- hahaha.
- nananão, não, fica parado aí.
- nããão.
- pára!
- vai cair de costas!
- aê.
- sai, sai, sai
- hahaha
- nossa senhora!
- pára de mexer aí, rapá! quanto mais cê mexe mais o negócio desce!
- ô burro.
- nossa senhora!
- hahaha.
- virge...
ando feliz com poucas coisas,
embora não deixe de ser triste.
ando rindo de cachorro esperto,
de boi desencontrado,
de passarinho branco desconhecido.
ando me emocionando mais com o pôr-do-sol
e com a morte de insetos.
e me assusta esplendorosamente
a força do vento e da tempestade.
minha comida anda menos temperada
e ando comendo menos açúcar.
mas tudo bem, normal.
fuçando a natureza descobri:
não há mel em abundância!
e falta tanto doce na vida
que as formigas andam gostando de sal.
só sei que sei
se sei sem saber
que sei
galo. S.m. 3. animal que todos conhecem.
galão. S.m. 2. ao contrário do que PENSAM os dicionários comuns, para quem este vocábulo seria a aberração galaroz, é o aumentativo do substantivo galo.
galã. S.f. 1. relativo ao genêro feminino do substantivo galão; galo grande e fêmea.
não sei o que esse ser está fazendo aqui neste blog, com o perdão da palavra. creio que me vendi, mas já até me esqueci pelo quê: qual o meu preço e o que eu prometi em troca?
eu acho
que devo achar
alguma coisa
mas inda não achei
o que é que eu
devo de achar
o jovem industrial que quer estabelecer um modelo de gestão baseado na colaboração entre seus empregados, mas claro não quer deixar de ser o patrão.
dois burgueses. o francês que se rebela contra as coisas que acha injustas. o brasileiro que acha chic ser francês mas não acha chic se rebelar.
EU - tenho um blog agora.
AMIGO - ah é?
EU - é, mas ninguém sabe que é meu.
AMIGO - ah é?
EU - é, como tampouco alguém saiba que exista.
AMIGO - ah!
EU - olha o site: mistiforio-do-cornimboque.blogspot.com
AMIGO - ...
EU - ...
AMIGO - mas ninguém comenta?
EU – ahn... precisa?
AMIGO - ...
EU - ...
Veja só que para fingir direito que eu sei francês, que aliás não sei, até inclusive traduzi um poema - uma tradução a mais livre, mas está decidido que vale:
L'ENNEMI
Ma jeunesse ne fut qu'un ténébreux orage,
Traversé ça et là par de brillants soleils;
Le tonnerre et la pluie ont fait un tel ravage,
Qu'il reste en mon jardin bien peu de fruits vermeils.
Voilà que j'ai touché l'automne des idées,
Et qu'il faut employer la pelle et les râteaux
Pour rassembler à neuf les terres inondées,
Où l'eau creuse des trous grands comme des tombeaux.
Et qui sait si les fleurs nouvelles que je rêve
Trouveront dans ce sol lavé comme una grève
Le mystique aliment qui ferait leur vigueur?
- O douleur! ô douleur! Le Temps mange la vie,
Et l'obscur Ennemi qui nous ronge le caeur
Du sang que nous perdons croît et se fortifie!
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o inimigo
o tempo é uma máquina corrediça
que vai deslizando em traçados trilhos
num ritmo próprio e sem empecilhos
para fazer da vida uma carniça.
se na juventude ele nos atiça,
nos faz viver o mundo com mais brilho,
na velhice nos obriga a pedi-lo
que mude seu passo e faça justiça.
e se no fim a mão que lhe afagou
for lhe condenar à solidão e ao pranto
mostre que o tempo não lhe tirou o encanto
vivendo os momentos que não sonhou
viver quando era somente futuro
o tempo morto de viver seguro.
o vento entra
a porta canta
geme frestada
por vento não ser
porta atravessada
de vento: amor